Não vi o jogo.
Conduzi durante todo o jogo e por isso ouvi o relato na rádio.
As maravilhas de fazer 300km...
Na rádio nunca mencionaram este acontecimento.
E quando cheguei a Vila Real e vi na TV o que tinha acontecido, não queria acreditar...
Porque no fundo ninguém merece que o coração o atraiçoe desta maneira.
Porque o futebol é festa!
E deveria ser sempre festa...
E esta foi uma homenagem bonita que merece ser partilhada.
"Decorria o minuto 20. Na bancada TMN, sector 41, piso 3, um
encarnado, quase nos seus 50 anos de benfiquismo, deixava substituir um
sorriso de quem viu a jogada fenomenal que antecede o golo de Rodrigo
por um sôfrego esgar de dor. Onde antigamente o Benfica costumava deixar
as suas marcas, agora nada bate. Onde durante décadas e décadas era
costume sentir-se um louco acelerar de palpitações, agora reina a
calmaria. Onde o amor pelo Glorioso pedia mais e mais golos numa
desenfreada arritmia de paixões, agora é o silêncio que impera. A mão
sobre o lado esquerdo do peito já não simboliza a entrega a um amor como
há poucos. Um amor que o havia de acompanhar em vida e dele
despedir-se, ali mesmo, em morte.
Um caos de bombeiros, polícias, spotters e stewards.
Dezenas e dezenas de pessoas chocadas. Com o coração nas mãos pelo
homem que deixou o seu parar. Ninguém foi capaz de olhar mais para o
campo. Os últimos 25 minutos da primeira parte foram os mais rápidos e
os mais lentos que se viveram naquele estádio. Sem saber o que fazer.
Como fazer. Por que fazer. Por quem fazer. Acho que em 22 anos de
Benfica nunca tinha celebrado um golo sentado. Nem quando recuperava de
uma entorse no pé direito. Desta vez…desta vez não havia outra maneira
de o fazer. Ali, tão perto de mim, ia-se apagando um como eu. Por entre
as muitas tentativas de reanimação cardíaca. À minha frente a alegria de
ver o meu amor. Ao meu lado a dor anónima de ver morrer quem nunca
hei-de conhecer, mas que hei-de sempre lembrar.
De repente, no meio de todo um amontoado de angústia e estranheza
percebi o que não há a perceber no futebol. É isto o desporto-rei. O
sofrer por todas as razões e por razão nenhuma. O querer para nós todos
os sonhos do mundo e, numa louca conjugação simultânea, também desejar
todos os desaires que os substituem. A dor de querer ser feliz no meio
de tanta incerteza. O precisar de um sentido e o viver com a completa
falta dele. Amar por amar. E ter, ver e viver nesse amor toda a vida.
Hoje não faço um rescaldo. Hoje, como benfiquista que sou, agradeço
ao companheiro que não pôde festejar connosco no final. E que não há-de
poder festejar o nosso 33º campeonato. Eusébio e Coluna receber-te-ão em
braços no olimpo encarnado, onde descansam todos os heróis que
aproveitam a vivência térrea para gostar desta espera pela coroação
divinal. Por ti, amigo benfiquista, Rodrigo fez o primeiro depois de uma
jogada cheia de classe. Por ti, amigo benfiquista, Gaitán fez mais um
de bandeira. Por ti, amigo benfiquista, Cardozo disse adeus aos cinco
meses de seca e fez duas maldades. Por ti, amigo benfiquista, o nosso
Benfica conseguiu a maior vitória do ano e mais um importantíssimo passo
rumo àquilo que é nosso por direito há já anos e anos.
Não viste. Estavas a lutar pela vida. Agora descansa. Guardamos-te um espacinho no Marquês."
Estou arrepiada, não só por sofrer pelo Benfica e por não conseguir explicar o Amor que se sente a este clube, mas sobretudo porque não vejo os jogos do Benfica, porque me sinto mal, porque sofro e tremo e porque quero ainda ver muitos títulos do meu Benficaaaaa!
ResponderEliminarFiquei arrepiado com o texto!
ResponderEliminarQue descanse em paz!